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Há Em Nós Qualquer Coisa

Vidas de 400 palavras.

Há Em Nós Qualquer Coisa

Vidas de 400 palavras.

Tal tá a porra.

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Agenti aqui anda sempre entro ficari  e o abalari. Mas nunca ficamos mesmo, porque o marasmo de viver onde o tempo parou num relógio sem cuco e sem dono não nos permite. Mas também nunca vamos embora, porque seja de sempre ou de apenas umas férias, a nossa terra nunca abala, nunca evapora totalmente destas almas que bebem do nosso suco que dá vida a boa gente.

Havendo o coveri, a nossa terra é do hóme e da mulhéri. Ao campo quem é do campo, dos animais que tocam badalos ao som dos montes que ecoam na planície, do fazer crescer o sustento de uma vida de trabalho de sol a sol para usufruir de por a nascer de sol. Cada uma com as suas tarefas, mas com o bem comum sempre no objetivo de cuidar da terra e de tudo o que de lá vem.

Se na queris as sopas, és enxogado. Que dura é a lide. O calor que derrete pretensões e o frio que enregela motivações. O Alentejo não é terra de abnegados. Quem fica aqui se semeia e se rega, até criar raízes mais fortes do que toda a interioridade a que nos obrigam, não desiste dos seus sonhos porque sonhamos tão alto, até que nos falte o ar. E quem vai? Esses são os fiéis representantes desta raça sacana que é ter sotaque engraçado, levar a vida com a dureza que exige para descansar quando ela deixa. E mesmo que se perca o sotaque, o interior é todo ele aguardente, pão duro e azeite.

Prant’ aqui o coração, pertechinho do meu. Que nã abalas daqui nunca, digue-te eu.

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